Doenças sexualmente transmissíveis, diabetes, caxumba, câncer, problemas na anatomia masculina ou mesmo hormonais podem afetar – ainda que indiretamente – o funcionamento do aparelho reprodutor do homem.
Veja de que forma cada um desses fatores afeta a fertilidade e quais são os tratamentos disponíveis na unidade.
Caxumba
Transmitida por tosse, espirros e saliva da pessoa infectada, a caxumba é uma infecção muito comum na infância que pode ser facilmente evitada com administração da vacina.
A doença afeta as glândulas parótidas – por isso o inchaço atrás das orelhas –, mas pode instalar-se também nos testículos, provocando sua inflamação (orquite). Nesse caso, como a área atingida é justamente a da fabricação dos espermatozoides, ela pode provocar infertilidade. E, diferentemente do que reza a crença popular, ficar em repouso absoluto durante a manifestação da doença não garante que o homem não tenha esse tipo de inflamação. Prevenir ainda é o melhor remédio.
Diabetes
Esta é uma doença crônica que pode, sim, prejudicar a fertilidade masculina. Como ela age desregulando o sistema hormonal do corpo, pode reduzir os níveis de testosterona e interferir no processo de fabricação e maturação das células reprodutivas do homem.
Ejaculação retrógrada, em que parte do ou todo o sêmen não é expelido, e espermatozoides com DNA fragmentado, que causam má-formação do embrião e consequentemente abortos espontâneos, são alguns dos problemas decorrentes da doença.
Doenças sexualmente transmissíveis (DST)
A clamídia e a gonorreia são as que mais afetam a fertilidade masculina. Suas feridas podem causar aderências nas estruturas do aparelho reprodutor masculino, assim como acontece com as trompas de Falópio nas mulheres. Essas aderências atrapalham a passagem do sêmen e dificultam a mobilidade interna dos órgãos. Seu tratamento é medicamentoso, à base de antibióticos.
Anticorpos antiespermatozoides
Muitas vezes, a célula reprodutiva masculina é atacada por inimigos do próprio homem. São os chamados anticorpos antiespermatozoides, que respondem por 10% dos casos de infertilidade masculina.
Isso acontece com frequência em pacientes com doenças autoimunes, que têm varicocele ou mesmo infecções, entre outras. Esse anticorpo não chega a destruir as células, mas atrapalha seu deslocamento, quando se liga a sua cauda, ou sua capacidade de penetrar no óvulo, quando está ligado à cabeça do espermatozoide.
Além dos anticorpos antiespermatozoides, o fator imunológico também pode gerar a infertilidade. Os motivos que estão por trás da criação de células de defesa que atacam o sistema reprodutor ou suas células ainda são, no entanto, desconhecidos.
Hormônios
Os hormônios são substâncias importantíssimas para o corpo humano. Servem para orientar todo o seu funcionamento, incluindo o do sistema reprodutor. Por isso, qualquer alteração que gere falta ou excesso deles interfere na fertilidade.
Algumas substâncias tóxicas podem causar modificações nas glândulas que produzem os hormônios masculinos e, por isso, gerar infertilidade. A alteração na quantidade de hormônios masculinos pode, por exemplo, modificar ou bloquear o funcionamento dos testículos, comprometendo sua função no processo reprodutivo. Tumores, cirurgias e traumas, entre outros, também podem afetar o bom desempenho das glândulas.
Os anabolizantes, em forma de medicamentos ou suplementos alimentares, têm papel importante como causadores de infertilidade. Bloqueiam o funcionamento da hipófise e, consequentemente, a produção da cadeia hormonal que regula a fabricação dos espermatozoides. Em alguns casos isso ocorre de forma irreversível, já que a hipófise para de funcionar e atrofia.
Problemas na anatomia masculina
Há homens cujos testículos demoraram a descer para o escroto após o nascimento. Outros são portadores de varicoceles, quando as veias dos testículos incham, provocando varizes na região. E há ainda os que ejaculam dentro da bexiga, em vez de expelir o sêmen para fora do pênis, ou que apresentam obstruções nos canais seminais e mesmo sua ausência.
Causas genéticas para a infertilidade tanto podem estar relacionadas ao modo de funcionamento do aparelho reprodutor quanto à presença de genes com defeitos no DNA do espermatozoide. A primeira hipótese é descoberta com o cariótipo, mapeamento genético das células. A outra pode ser diagnosticada com o teste de microdeleção do cromossomo Y, por exemplo.
Para qualquer um dos casos, no entanto, recomenda-se fazer a fertilização in vitro (FIV) juntamente ao diagnóstico pré-implantacional nos embriões fecundados em laboratório. Não há prevenção ou tratamento para essas alterações, mas com o diagnóstico, o casal pode ser mais bem orientado quanto às chances de sucesso e os riscos
Idade
Por muitos anos acreditou-se que somente as mulheres sofriam com o passar dos anos, produzindo menos óvulos ou de pior qualidade. Já os homens eram considerados totalmente imunes ao fator idade quando se falava em capacidade de reprodução.
Hoje, com os estudos mais recentes e a própria prática clinica, sabe-se que eles também podem ter uma diminuição na produção de espermatozoides. E, mais do que isso, sabe-se que embriões de pais com mais de cinquenta anos têm mais chance de apresentar síndrome de Down, correm seis vezes mais risco de ter autismo e quatro vezes mais de apresentar esquizofrenia. Outros tipos de alterações decorrentes da idade do homem podem ser a causa inclusive de abortos.
Por isso, quando houver alguma suspeita de má-formação congênita, como é o caso de abortos repetidos, a indicação é para que se recorra à investigação pré-implantacional no embrião, também conhecida por PGD ou DPI.
Câncer
Pacientes com câncer correm sério risco de ficar inférteis por conta da própria doença e, principalmente, por causa do tratamento dela.
Os tipos de câncer mais comuns nos homens são o de testículo, a doença de Hodgkin e a leucemia. Dependendo do grau e da localização da doença, o tratamento pode ser cirúrgico, complementado por sessões de radioterapia e quimioterapia.
As cirurgias para remoção do tumor podem lesar partes anatômicas importantes no aparelho reprodutor do homem. Já as sessões radiológicas e de medicamentos comprometem, na maioria das vezes, a produção de espermatozoides, danificando seu material genético de forma irreversível.
Para evitar esses danos, existe a crioterapia. Com essa técnica, os espermatozoides são colhidos e congelados antes de se iniciar o tratamento oncológico. Outra forma de preservar os espermatozoides é o congelamento do tecido testicular em que, por meio de uma cirurgia, retira-se parte do testículo para ser congelada.
Quando curado, o paciente pode ter o tecido reconstituído e recolocado no local original. Diferentemente do congelamento de sêmen, esta é uma técnica ainda em estudo, mas que deve ser considerada principalmente para pacientes que não têm ejaculação, pois não entraram na puberdade ainda.
Sem causa aparente
Muitas vezes as causas da infertilidade não são diagnosticadas. Calcula-se que de 15% a 20% dos homens que procuram ajuda para ter filhos não obtêm uma resposta para seu problema.
O estresse e a ansiedade decorrentes dessa situação são ruins e também podem afetar o resultado de um tratamento de reprodução assistida.
A boa noticia é que isso tende a diminuir com o avanço da medicina. Um bom exemplo são as terapias genéticas que vão permitir daqui a alguns anos tratar diretamente um gene ou cromossomo com defeito que esteja impedindo a fecundação ou a formação de um embrião saudável.
Além da questão genética, outros grupos de causas não determinadas intrigam os cientistas. Fatores imunológicos, cujos mecanismos ainda são desconhecidos, ou de implantação do embrião no útero são apenas alguns deles.
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